terça-feira, 7 de junho de 2011

A culpa é dos publicitários!

Se tem uma coisa que me deixa extremamente inojada é essa mania de encenação que se propaga pelo mundo, parece que todo mundo está sempre concorrendo a um Oscar de tantas máscaras e personagens que encarnam por motivos que nem eles mesmo sabem o porque, talvez por que de tão volúveis sejam mesmo a cada momento uma pessoa diferente!


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Assisti semana passada, em uma aula de direito do consumidor, ministrada pela Professora e Coordenadora do curso de direito da minha universidade, Alessandra Neusa Sambugaro de Matos, o documentário "Criança: a alma do negócio", aborda as práticas abusivas de publicidade que se utilizam, exploram e apodrecem os cérebros de nossas crianças transformando-os em mini-adultinhos que ao crescerem continuam sendo adultos pequenos, de alma e de senso crítico.


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Meu amigos e familiares publicitários que me perdoem, mas reservo boa parte da culpa pelo naufrágio cultural que vivemos neste país em nossa época, aos seus caros e talentosos colegas de profissão. Ontem a pergunta na aula foi a seguinte: Por que usar crianças até mesmo em propagandas que não são de produtos voltados para crianças? Por óbvio que crianças são fofinhas, tchutchuquinhas, guti guti... são mais convincentes! Os pais não ligam mais para o que os adolescentes querem, mas as crianças... "Que dó não dar o que ela quer, vamos comprar"!



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Isso nem é o pior, tudo bem querer vender o seu produto... mas o que está sendo analisado aqui é algo que hipnotiza radicalmente mentes em formação para que sejam obstinadas pelo vício consumeirista e passem a se importar mais com o "ter" do que com o "ser". Não importa mais quem você é, importa se você tem o tênis da moda, se tem a roupa de marca, o celular mais moderno... não queremos mais saber se você tem princípios, queremos saber se você pode comprá-los!

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"A publicidade promete a felicidade da satisfação de inserção social". Aquelas crianças que preferem ir ao shopping ou no salão de beleza ao invés de brincar, que compram aquela bolacha gordurenta por que gostam do ursinho fofinho que dança balançando a bunda no comercial, ou aquela que quer a sandália que vem com a bolsinha para poder andar com aquelas menininhas do grupinho "PopPinkRosaRiriri", ou aquele videogame que só os fortões e poderosos tem... Essas crianças vão crescer, muitas delas já cresceram... e hoje só ligam pra quem tem o smartphone mais brilhante, só andam com quem tem o carrão do ano, só beijam quem veste o jacarézinho e mal sabem trocar meia dúzia de palavras sem citar uma marca de mais de dois milhões de dólares e ressaltar que "eu comprei uma dessas!".


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Por outro lado... a criança que foi bombardeada a vida inteira por dezenas de milhares de propagandas na televisão que falavam que "se você não tiver isso você não vai conseguir uma mulher gostosa", "se não tiver aquilo você será um fracasso", "você precisa ter um"... e não teve... que tipo de adulto vira essa criança sem estrutura física, emocional e material para competir com os bonitões com seus cabelos com o gel "X" ou com as modelos boazudas com o silicone "Y"? Ouvi em uma dessas aulas em que discutiamos esse assunto que, atualmente não se rouba um tênis por que não se tem sapatos, se rouba por que só serás alguém se tiveres AQUELE tênis e se não tens dinheiro pra comprar e passas a vida escutando que se não o tiveres jamais serás alguém, então roubas, por óbvio, todo mundo quer ser alguém!



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São esses adultos vazios de riquezas emocionais e ricos de bens materiais que vemos por aí pisando no coração dos outros e desdenhando sentimentos, atuando em suas vidas como se fossem parte de um comercial de margarina ou de cerveja. São esses adultos que foram crianças de menos e consumistas de mais, que hoje ainda moram com seus pais por medo do mundo, que são carentes de discernimento na relação com o outro, que não respeitam a vida enquanto não afetar seus próprios bolsos e é isso que está apodrecendo o antigo conceito de família, aqui nem falo de tradicionalismo, bem sabem que sou contra isso, estou falando do que valia a pena, de valorizar o bem estar social, a convivência pacífica e a lealdade.


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Abram os olhos, estamos falando aqui do futuro de nós mesmos, de nossos filhos... estou criticando a materialização do sentimento contra a qual tanto luto e que de uma forma ou de outra começa com a massificação da cultura de consumo desde a tenra idade, inserida em nosso cotidiano pelos meios de comunicação. A banalização da personalidade humana, a generalização de necessidades! Não digo que não compro, pelo contrário, adoro um sapato novo, mas felizmente ainda sei dissernir um luxo de uma necessidade, e sei me penalizar por isso na medida que JAMAIS confundirei uma bolsa com um coração!

Um comentário:

  1. Com certeza! chega a ser uma falta de respeito!!! uma marca "famozinha" aqui do Sul, q nasceu lá pras bandas d algum interior(não querendo menospresar o interior) tem calça sendo vendida pela bagatela de R$3.000,00, ora ora onde estamos?!!! Mas pior mesmo é quem paga!!!Paga pela etiqueta e acha q com isso seu "STATUS" aumenta...
    Vamos pedir peidade, pra essa gente careta e covarde!

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