quinta-feira, 20 de março de 2014

Das amizades que o tempo não apaga!


É certo que tudo na vida passa (...Até a uva passa! Hahahaha! - "Piada ruim!") e que todos os que cruzam nossos caminhos acabam por nos acompanhar, na maioria das vezes, apenas por um trecho do nosso trajeto até que tracem suas próprias rotas em outras direções... são passageiros (Aqui quase fiz outra piada ruim...melhor não!)... Mas quando nossas rotas se esbarram novamente, do jeito que for, é sempre um avalanche nostálgico cheio de emoções!

Ontem, uma grande amiga dos meus tempos de criança fez aniversário e, lhe dediquei (Via Facebook) uma mensagem curta de poucas palavras mas com muitas boas intenções. Hoje, me veio um agradecimento inesperado, igualmente curto, com tão boas intenções que geraram uma breve conversa e resultaram em um convite de visita à cidade de São Paulo, onde ela mora... seria um belo reencontro.

Fiquei pensando nessa coisa louca que é a amizade... a distância, o carinho, o tempo... a saudade de pessoas que não são mais as mesmas pessoas, que caminharam em trajetos tão diferentes do meu que nem mais sei qual o rumo que escolheram para suas vidas... talvez elas também não saibam do meu... sei apenas o que o facebook deixa transparecer... e de vez em quando estou lá bisbilhotando para saber um pouco mais...

...Impulsionada por aquelas lembranças que tenho dos tempos de menina, das filas pra pular na cama elástica da escola, das carambolas do pomar, dos jogos de Futebol no campinho, das brigas por uniformes mais fashion, ou mesmo para não usá-lo, das visitas a coordenação pedagógica, das coreografias das Spice Girls, do "Polícia pega ladrão" ou "Menino pega Menina" (Ou vice e versa!)... das "Amigas Para Sempre"s...tempo da fofoquinha de colégio, das canetas coloridas e de fazer piada com a menina da blusa de melancia que furtava as nossas adoradas canetas (Lembram dela?)...

Esses dias achei um contrato que firmava o compromisso de que fossemos amigas fiéis, leais e eternas, entre outras regras. O papel estava velho e com cheiro de mofo... junto com um monte de outras tralhas antigas que há muito ocupavam espaço demais em caixas que carreguei por todas as minhas andanças, acabou indo pro lixo... mas a lembrança, essa nostalgia gostosa daquele, e de outros tempos, ficou aqui dentro regando a sementinha de carinho plantada outrora e é parte importante do que sou...

O coração pulsando forte, a autoestima que me é peculiar, tudo que me tornei e o que tenho conseguido na vida, é, boa parte, herança desses dias de Escola da Ilha... De amizades tão puras e verdadeiras que a gente acreditava na palavra sem precisar autenticar assinatura ou reconhecer firma em cartório... tempos em que o mais importante pra nós era guardar a sete chaves o nome daquele menino que alguma de nós gostava... do tempo em que minhas brigas não eram nos tribunais e sim no pátio do colégio...

Bons tempos aqueles...

O reencontro? Sempre espero por ele... um dia hei de contar por aqui como foi!!!
 

sexta-feira, 7 de março de 2014

Paus e pedras! Fomos nós quem criamos...

 

Desde ontem fiquei de falar por aqui das coisas que vejo por aí. Da Janela do ônibus vi um grupo de três meninos com aparência de uns 15 ou 16 anos, em plena adolescência revoltosa... Ignorei as roupas que usavam, mas não pude deixar de notar os paus e pedras que atiravam em um quarto menino, da mesma idade que caminhava mais a frente em passo apressado, mochila nas costas arcadas, como um caramujo em tentativa de se esconder em sua concha... Roupas simples...

Apressadamente, fingi estar filmando com meu celular e aproveitando que o ônibus estava estático no trânsito consegui impedir dois pedaços de pau (do tamanho de tijolos) de serem atirados, enquanto um deles proferia palavras de baixo calão se referindo a mim e detendo o outro de ser flagrado pela minha câmera... Que, diga-se de passagem, estava desligada... Fiquei nervosa com a cena e na pressa não consegui ligar.

Provavelmente, quando o meu ônibus avançou na direção oposta, o pau voltou a cantar, como em tantos outros dias. Por que atiravam se tal atitude, eles sabiam, não deveria ser registrada? Aqueles moleques, e os chamo assim pela atitude, não pela idade, sabiam muito bem o mal que estavam causando... Mas não se importavam. Temo pelo menino atacado, temo por mim... Temo por todos nós que temos como futuro, de um lado, pessoas que amedrontam e de outro, pessoas amedrontadas.

Pensei que, um dia qualquer, suponho que o menino amedrontado acordará de manhã e protagonizará mais um massacre a ser divulgado em rede nacional... Extravasará sua raiva além daqueles, que naquela manhã em que estive de plateia, o humilhavam... Também, por que aquela não deve ter sido nem a primeira e nem a última vez em que regressou ao seu lar com a cara arrastada no chão da vergonha e do ódio que foi cultivado dentro dele até a morte, sem que ninguém impedisse.

Quem sabe os jornais descubram a verdade por uma carta que ele deixará para a mãe... Mas pode ser que digam apenas que era um militante esquerdista influenciado pelo Chavismo , fã número um de Osama... E aí, no Senado se debaterá mais uma vez a redução da maioridade penal e a pena de morte, com argumentos de que aquele jovem criminoso que matou uns tantos no colégio deveria morrer de forma brutal ao invés de ter tido o benefício do suicídio.

Os atiradores de pedras e paus? Coitadinhos... Estão lá... Esfalecidos em poças de um tom vermelho vibrante... Tão vibrante quanto a sensação de poder que outrora corria em suas veias ressaltando a testosterona do macho alfa que eram ao ter a coragem de pisotear aquele que agora os coloca ali ao chão. Infelizmente não haverá revanche, nesse caso, todos perdem. E eu perco também...

Em outra hipótese, o menino curvado absorve aquela humilhação como parte de si e para não pensar na vida, vive de modo mecânico, submetido eternamente aos que se julgam melhores que ele. Sim, ele poderia revidar, poderia mostrar que é mais do que pensam que é... Mas ele nunca soube o que realmente poderia ser, acreditou e acabou como tantos outros, como massa de manobra, manipulado pelas mais diversas manifestações de pensamento, aqui, ele odiará a vida e se odiará junto com ela. Perdemos mais uma cabeça pensante.

Em uma terceira hipótese... O menino achincalhado, segue sua vida, constrói um futuro... pois tinha em casa um bom apoio familiar, uma boa base educacional e muita autoestima... Mas quantos em  situação semelhante têm e quantos deles conseguem superar traumas e humilhações rotineiras que sofrem durante a infância e a adolescência? Não estamos mais ensinando nossas crianças a respeitar as diferenças... e repassamos à elas todo o preconceito que nos foi passado por nossos pais... para que elas passem pra frente até que sofram as consequências dessa herança maldita que as deixamos.

Não faltam leis, não faltam regras... Falta respeito a dignidade da pessoa humana... respeito a vida... e um tanto mais de educação... pensemos...