quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

VIVA NÓS, OS PALHAÇOS!





Me corrijam se eu estiver errada, não sou muito boa com cálculos e vou fazer uma conta grosseira!

Vamos considerar que sejam exatos os 2,3 MILHÕES de usuários curitibanos prejudicados pela GREVE como divulgado pela imprensa na hora de contar pra gente como esses grevistas prejudicam muita gente. 

Pois bem, a GREVE ACABOU. Motoristas e cobradores, ao invés de receberem os 40% requisitados, ganharam 10,5% de aumento! Além disso, ganharam R$95 reais a mais em seu vale alimentação totalizando R$200,00. e mais um abono de R$300,00 a ser pago junto com o salário de junho.

Se cada motorista recebia antes R$1300,00, passará a receber R$1436,5. Com os benefícios, a remuneração de um motorista de ônibus em Curitiba sofrerá no mês de junho um aumento de R$531,50. Lembrando que o abono de R$300,00 vem uma vez só e que o dinheiro da comida vai para COMER!

Pois bem, a empresa e a prefeitura vem anunciando por aí que o aumento na tarifa vem com tudo. De R$2,50 a tarifa passará para R$2,90 já no sábado! FIQUE CLARO, QUARENTA CENTAVOS A MAIS! Vamos aos cálculos rápidos e grosseiros:

Se Curitiba tem R$2,3 milhões de usuários, vamos fingir que eles só pegam ônibus de segunda a sexta, duas vezes por dia. Com R$0,40 a mais, por dia esses usuários geram um aumento de: 2,3mi X 0,40 = 920 mil por trecho, duas vezes por dia = R$1.840.000,00 de lucro por dia sobre o valor da tarifa anterior. Cinco vezes por semana (segunda à sexta) = R$9.200.000,00 por semana. Em mês, serão R$36.800.000,00 > 36,8 MILHÕES DE REAIS DE LUCRO POR MÊS COM RELAÇÃO A TARIFA ANTERIOR!

Peraí, o aumento da tarifa acontecerá por conta do aumento nos gastos com funcionários, quem paga no final é o povo, a gente sabe, mas pelas minhas humildes contas, parece que a gente tá pagando alguma coisa extra por aí. 

Afinal, se esse dinheiro é pra pagar funcionários, 36,8 mi divididos pela quantidade de aumento por funcionário (considerando que todos são motoristas e ignorando que o cobrador que recebia R$780 passará a receber R$861,90, representando impacto nas contas da empresa de R$81,90+ R$95,00 do VR + R$300 do abono de Junho = R$476,90, impacto inferior ao do motorista), neste caso a empresa seria empregadora de 69.238 funcionários.

Considerando ainda que, pelos dados da URBS a frota de ônibus curitibana é de 1.915 veículos e que, cada um deles é revezado entre 6 empregados por dia (dando uma carga horária de 8 horas diárias para cada par de funcionários) então a URBS teoricamente contaria com 11.490 funcionários. Certo, vamos arredondar esse número para 15 mil.

Me diga uma coisa... você saberia me dizer aonde vai parar o dinheiro referente ao aumento dos 54.238  funcionários que não existem? O equivalente a R$28.827.497,00 CARAMBA POVO ACORDA! É HORA DE IR PRA RUAS E QUESTIONAR ESSA PALHAÇADA! CHEGA DE FACEBOOK, CHEGA DE BIG BROTHER, VAMOS CHACOALHAR ESSA CIDADE! EU CANSEI DE SER FEITA DE PALHAÇA! ACORDA BRASIL!

PS: Mais uma vez me desculpem pelos prováveis erros de cálculos, isso é apenas uma conta grosseira, a roubalheira deve ser bem maior que isso!!!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Certa manhã: O caos (e as greves)!




E na manhã do dia 14/02/2012 a cidade modelo amanheceu em caos. A greve dos funcionários de ônibus fazia instalar-se na atmosfera Curitiboca algo que me lembrava um filme de terror da cena trash! O único barulho que se ouvia da janela do quarto era o das sirenes das ambulâncias e das viaturas, que eram os únicos veículos a ocuparem as canaletas dos ônibus. Os ruídos dos biarticulados eram apenas lembrança.

A praça Rui Barbosa, central de conexões, embarques e desembarques com seus inúmeros pontos e tubos de ônibus perecia inerte... sem grandes rodas, sem grandes filas de embarque, sem a correria dos que rumam para o trabalho. Permaneciam em seus postos apenas as pombinhas ciscando comida ao redor das fontes.

Uns poucos gatos pingados mais que escaldados de chuva alimentavam um restinho de esperança com os olhos arregalados ao horizonte esperando que despontasse ali uma condução dos céus que os pudesse levar ao trabalho: "Ele há de vir me buscar... 30%... ao menos 30% deles está nas ruas!" - Não veio! E não era feriado, não era domingo... era uma terça-feira.

Ao contrário dos vereadores, deputados, prefeitos, governadores e outros políticos desse Brasilzão de Deus, São Pedro faz a sua parte. Estaciona suas nuvens sobre os prédios da cidade das Araucárias, manda despejar algumas gotas, alternando a intensidade para que tudo pareça mais real.Ora sol, ora chuva, ora vento frio, ora brisa de verão, observando lá de cima o abrir e fechar dos guarda-chuvas, pra que jamais nos esqueçamos aonde estamos: Curitiba!

Talvez tenha apenas virado moda essa mania de greve. Ou talvez, apenas signifique que o diálogo acabou. Que não existe mais negociação sem ameaças, sem prejuízos, sem prisões, sem manipulação midiática. O povo luta contra si próprio, enquanto os senhores colarinhos brancos lavam suas mãos com leite de cabra, passam as férias nos países de primeiro mundo, colocam seus filhos para estudar nas melhores escolas Suíças e acordam todos os dias felizes comendo Brioches.

Pra quem fica no ponto esperando, pra quem precisa da polícia da Bahia ou do Rio de Janeiro ou pra quem fica sem poder sacar dinheiro nos caixas eletrônicos com a greve dos vigilantes de bancos... "o grevista é vagabundo, pedindo aumento de salários, pra que?"... pra quem tá do lado de cima negociando também, "Mas que absurdo fazer greve, privar a população de um serviço essencial!". Basta uma reportagem e os grevistas se tornam bandidos.

Os cidadãos modelo do senado jamais precisaram de uma greve, votam o próprio aumento, aprovam, recebem o que acham justo. E também, se fizessem greve, que diferença faria? Que falta sentiria o povo se o senado resolvesse parar de trabalhar por três, quatro semanas? Já não se vê projeto de Lei que seja julgado nesse tempo mesmo, a não ser que seja de algum aumento de salário próprio.

Pois bem... se o serviço dos funcionários das empresas de ônibus, dos policiais, dos vigilantes de bancos é que são essenciais... por que é que ganham esse salário de miséria? Por que é que não são valorizados? Eu sou a favor da greve... enquanto não houver a possibilidade de conversa sou a favor da greve. Enquanto houver essa discrepância de valorização entre deputados e professores sou extremamente a favor da greve!

O princípio básico da República Federativa do Brasil deveria ser igualdade, nosso principal objetivo deveria ser diminuir as diferenças sociais. Ao contrário disso só fazemos aumentar os ricos e os pobres... essa aparente classe média não se iguala por cima... se iguala por baixo... as defasagens dos salários perante a inflação fazem dinheiro se transformar em nada na fila dos supermercados... a falta dele é que é tudo... tudo que leva a miséria... tudo que falta na geladeira, na educação e na saúde dos filhos.

Com a falta do dinheiro que propiciaria a tão falada qualidade de vida, não sobra tempo pra investir nela... não sobra olhos pra vigiar as crianças nem fôlego pra mostrar o que é certo... não sobra nem um pingo de esperança pra educar... e as famílias vão enfim se desintegrando, abandonando a educação das ruas órfãos de greves mal sucedidas com carinhas que me lembram os cidadãos no ponto de ônibus da Praça Rui Barbosa... pouca esperança, muito rancor...

As revindicações dos sindicatos vão cedendo às pressões das grandes redes de televisões... os que antes queriam salário digno, benefícios devidos... hoje abandonam cabisbaixos os prédios públicos, desarmados, desesperados em desalento...desejando apenas liberdade... Essa liberdade aparente de poder trancar-se dentro de sua própria casa, com grades nas janelas, em posse da chave da porta pra rua... mas sem dinheiro e sem vontade de enfrentar o mundo lá fora de mãos abanando!

O que falta? Mais programas como o BBB... falta nos alienarmos mais um pouquinho para parar de fazer greves. Falta parar de dificultar a vida dos políticos com essa história de mobilização, afinal, vocês acham que é fácil governar um país como o Brasil? Não é nada galera, sorria, o Carnaval tá aí... bundas na tela e tudo mais... abre uma cervejinha e fica tranquilo... logo passa... a gente logo esquece desses contratempos e acredita de novo que vive no melhor país do mundo, com o povo mais feliz e na cidade com maior qualidade de vida!

ACORDA BRASIL!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

(Em memória de Romeu Tuma) Em último lugar: O Brasil!



Cá estou eu novamente a criticar os meandros de nossa amada pátria! Afinal de contas, o que há com esse país? Para traduzir a revolta, ofereço imaginarem um organograma da minha indignação. Realizem que a educação, aquela que deveria ser a base de qualquer sociedade, está do lado de fora da pirâmide, na marginalidade das prioridades! 

Por exemplo: lendo o relatório do Senador Romeu Tuma (in memorian), em época Relator da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (Do que?), no Projeto de Lei do Senado 480/2007 (aquele do Senador Cristovam Buarque), não é difícil perceber que a última coisa que se coloca em pauta é a dita "Educação". 

Veja bem, ele começa com umas firulas demonstrando como ele acha que educação é importante, daí afirma que fere o princípio da isonomia por que o projeto obrigaria apenas famílias de políticos a estudarem em escola de educação básica pública. Os filhos de juízes, promotores e etc. não precisariam. 

Mas afinal de contas, Sr. Relator, onde quer que o senhor esteja, o senhor poderia nos responder quem é que faz as leis nesse país? Quem é que anda deixando de produzi-las em proteção da educação? Quem é que decide pra onde vão as verbas da receita federal, estadual e municipal? Quem é que anda distribuindo mal essas verbas ao confeccionar o orçamento anual priorizando pagamento do pessoal que anda aí por Brasília ao invés de melhorar o pagamento dos professores, por exemplo?

Pois então, à quem se destina esse Projeto de Lei? A aplicação dela não preencheria os objetivos a que se presta agindo diretamente na raiz dos interesses sociais? Buscando o bem maior da sociedade, como se faz, por exemplo ao proibir o direito de greve aos militares, ferindo o princípio da isonomia com que se trataria os trabalhadores comuns, ressaltando uma diferenciação de determinada categoria afim de se garantir a segurança da sociedade como um todo? Pois então.

O Excelentíssimo Romeu Tuma prossegue com sua baboseira, dizendo que tal projeto não está de acordo com a nossa Constituição por sermos um Estado Laico. E que por isso mesmo nossas escolas públicas são todas Laicas... ou seja, se o Senador, por exemplo é católico, deve ter o direito de educar seu filho em uma escola com preceitos educacionais católicos, bem como se fosse Judeu, Islâmico ou qualquer outra religião. E que nossas escolas públicas jamais proporcionarão isso.

Mas que diabos Sr. Senador! O senhor estava onde estava pra defender a maioria ou as minorias? É uma questão de escolha, sabendo dessa lei, é permitindo ao sujeito decidir se candidatar ou não. Assim como ele tem suas obrigações e, teoricamente, quando se candidata esta disposto a arcar com elas. OU o senhor também acha que a obrigatoriedade de comparecimento em Brasília também viola o direito a liberdade de ir e vir?

Ai então o sujeito, neste caso, Senador, Relator e Burguês (e morto), dá sua cartada que me fez parar de ler o relatório: 

"Há, ademais disso, a liberdade conferida pela Carta Magna para que instituições privadas explorem o serviço público de educação no Brasil. Tais instituições são flagrantemente prejudicadas pela proposição que ora se examina, porque exclui delas os filhos de mais de 60.000 famílias"

PARA TUDO! Ele está colocando um bocado de Instituições privadas em nível maior de prioridade do que   a educação de 190 Milhões de brasileiros? É isso que ele está fazendo... cagando pra educação! Mas que diabos Senador, com todo o respeito: O senhor merece levar uma surra de gato morto até o gato miar!

Por fim, o voto do relator foi por rejeitar o referido projeto de lei e nós, brasileiros, continuamos no mesmo rumo que estávamos antes: PARA TRÁS! Rumo a selva de pedra, mantendo nossas crianças e adolescentes em nível de educação e alienação, pior do que o dos meninos e meninas do tempo das cavernas. Por que lá, o importante era ter um bom tacape, bastava para conseguir caçar, hoje, o importante é ter dinheiro no bolso e de preferência ser parente de alguém importante.

Senão, melhor rezar pra Deus nos permitir o pão de cada dia, por que lá em cima, no Senado (Ou no inferno onde Romeu Tuma já deve ter fundado um partido), ninguém está rezando por nós! Alias, acho que eles nem sabem que existimos! Alguém precisa os informar desse pequeno detalhe.

Descanse em Paz Romeu Tuma! (Se isso for possível!)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Filho de político em escola pública?



Andei as voltas curiosa pra saber mais do tal projeto de lei n.º 480 de 16/08/2007, de autoria do Senador Cristóvão Buarque. Aquele um que circula nas redes sociais, discutidas por revolucionários de sofá e pouco ressaltadas por quem realmente deveria o estar discutindo: Políticos. Bem por que, ninguém quer uma bomba dessas no colo, é mais fácil chutar pro lado e deixar explodir em outro lugar.

Pra quem não sabe, em resumo, o projeto obriga que agentes públicos eleitos matriculem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014, o intuito seria que vendo seus filhos perdidos no gueto os políticos se empenhassem para criar ali uma estrutura pra um ensino público de qualidade. Se o projeto é polêmico? Sim, claro, e são muitos os estudiosos e curiosos que se prestam a discutir e expor seu ponto de vista, eu aqui, como curiosa, exponho o meu.

Na página da OAB-SP, achei um Texto de Daniel Bulha de Carvalho falando sobre a legalidade e a eficácia da proposta do projeto. Fala principalmente da liberdade expressa na Constituição Federal como um dos principais objetivos do Estado a contrapondo aos outros objetivos da República:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;


(Os políticos que criticam o projeto e teimam em protelar seu andamento lá na região do planalto central, esquecem-se de que, entre os objetivos da República também estão incluídos, constitucionalmente:)

II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Daniel posteriormente fala da demasiada intervenção na esfera privada pelo Estado que é, por definição, democrático de direito. E questiona: "Posto isso, caberia uma lei exigir uma determinada postura do agente publico elegível com o intuito subjetivo de melhorar o ensino público no país? Antes de procurar responder tal questionamento, utilizo-me de outro questionamento análogo a este, para elucidar melhor a questão: Poderia uma lei exigir que o indivíduo utilize o cinto de segurança, sendo que a falta deste comprometeria sua própria vida e não a de terceiros?"

Pois eu respondo, embora aparentemente pareça que uma pessoa sozinha, sem cinto esteja agindo dentro de sua esfera de liberdade, caso aconteça um acidente, quem irá socorrê-la? Uma equipe médica particular ou uma equipe Estatal? Não seriam os bombeiros, os socorristas, o motorista da ambulância, os médicos, os enfermeiros e os equipamentos utilizados todos remunerados regularmente pelo Estado? E o dinheiro utilizado pelo Estado não vem do meu bolso, do seu bolso, do nosso bolso através das altíssimas cargas fiscais?


Não seria esta a razão por qual o Estado se mete onde aparentemente não é chamado? Não seria por que o "oba oba" da vida privada de uma forma ou de outra acaba por refletir na esfera pública? Não seria por que o marco divisório entre as duas esferas é uma linha tênue e desfocada, a qual quase não percebe-se? Não seria por que o ser-humano é instintamente treinado para proteger o seu próprio e jogar a pimenta no do outro? Ou seja, não seria a obrigatoriedade da educação pública aos filhos dos poderosos a solução para a melhoria da precária educação deste país?

Enfim, acho de bom grado compartilhar com vocês as considerações finais do texto supracitado, afinal, conclui bem o que os políticos e os críticos deveriam entender:

"Na matéria em apreço, não vejo nenhum afronte aos princípios democráticos, tendo em vista que, baseado em outras experiências em diversos países, tal conduta poderia contribuir positivamente para a melhoria do ensino público do país. No mais, é opção do cidadão tornar-se ou não um agente público elegível, tendo em vista que tal regramento vai de encontro com o próprio caráter do cargo, ou seja, laborar em prol da sociedade.
Quando diversos princípios intrínsecos ou extrínsecos no nosso ordenamento jurídico se confrontam, deve-se priorizar àqueles em que beneficiem direto ou indiretamente a população, ou seja, os direitos individuais, privados, devem ser relativizados diante do interesse público.
Assim, o direito do agente público elegível poder escolher em qual instituição de ensino quer matricular o seu filho pode ser relativizado em prol da melhoria do ensino público do país. Evidente que, uma nação em que prevaleça um ensino público de qualidade sem a necessidade de imposição de condutas, como a ora abordada, seria o ideal, mas em uma jovem democracia como a nossa, tais regramentos contribuem, conforme já mencionado, para o fortalecimento da nação."

Sem mais!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Mudanças e saudades!



Saudades... primeiro a gente sente falta, depois sente muita falta... e começa a perceber que saudade é uma palavra habitual no nosso vocabulário, ao menos no meu é! Por que por tantas vezes as pessoas vão e vem em nossas vidas, e vão novamente... até que um dia não voltam mais e viram "saudade" ou "memória", ou os dois. Eu, com essa mania de mudar de cidade, acabo levando a saudade junto, saudade de tudo que ficou pra trás, e acho que, de uma forma ou de outra, aprendi a conviver com ela.

Existem vários tipos de saudade! A "saudade distância" é dessa saudade que tem me afetado bastante, daquelas pessoas amadas que estão longe e que a gente deixa de encontrar pelos desencontros do caminho ou encontra de vez em quando, quando o tempo permite. Ou aquelas que vão ali, já voltam, mas esse tempo demora a passar pro coração que espera e o "ali" parece muito longe.

Tem a "saudade esperança", que nos diz que tenhamos paciência, pois a hora do cruzar dos caminhos  logo vem, trazendo abraços, sorrisos... e a esperança vai acalmando o coração com lembranças boas... depois dela vem a "saudade melancólica", das lamentações do tempo que passou e não volta mais, ou a "saudade nostalgia" das memórias que de tanto serem lembradas acabam por virar um assunto que se repete inúmeras vezes até cansar os terceiros ouvintes.

Saudade de coisas, de momentos, de pessoas... tenho saudade até do que nunca aconteceu, talvez seja saudade das expectativas, aquelas que aos poucos vão sendo deixadas de lado ou assumindo outras formas, virando desejos de outras coisas senão aquelas que nunca foram realizadas. Sinto que tenho saudades até de vidas passadas, de pessoas que nessa vida apenas cruzaram meu caminho, por breves instantes, mas que sinto com toda certeza de que essa saudade já existia há muito tempo.

Tenho saudade de (quase) todas as casas em que vivi, de certos detalhes que faziam a diferença. Se eu pudesse, juntaria todos esses detalhes em uma casa só e colocaria cada uma dessas pessoas que me fazem falta ao meu redor, ao mesmo tempo e em uma única vida. Cada bichinho de estimação, cão correndo atrás de gato, gato correndo atrás de cão. E a saudade então, quem sabe fosse embora.

Pensando bem, sem a saudade também não tem o reencontro. Sem a saudade não existe a nostalgia das lembranças, nem a valorização dos momentos, esses que de tão simples e raros a gente faz parecer um grande acontecimento, quando conta, quando lembra... é a saudade que faz tudo que passou ser grandioso, a saudade é o que eterniza os amores platônicos, o que enaltece os pequenos heróis e o que transforma rotina em história.

Essa minha vem repleta de mudanças e de saudades, o que me faz crer que meu caminho até agora muito valeu a pena, afinal, a gente só tem saudades daquilo que foi bom! Não é? Que fique então a saudade para que possamos acabar com ela por lindos, bons e breves eternos momentos.