segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O Anti-Cidadão



O Anti-cidadão é a personagem principal desta história e, tem se tornado peça chave na evolução da nossa atual forma de sociedade. Ainda mais nessa época de ocorrência bienal em que exercemos nosso direito de participar indiretamente dessa nossa democracia que de tão indireta chega a ser "pessoal"... exclusivamente pessoal, sujeita a vontade daqueles famosos manipuladores midiáticos que conhecemos bem... e que à nos nomeiam presidentes, deputados, senadores ao seu bel prazer e para não satisfazer nem em última estância o bem comum.

O bem neste caso é dado ao povo em medidas homeopáticas, deveras preocupadas em oferecer pão e circo suficiente para ocupar as mentes ociosas com palhaçadas e outras variáveis do humor e da novela popular... e, fornecer educação suficiente para que possamos ignorar os bueiros que nos custam alguns milhões, as calçadas esburacadas, as altas inflações em produtos alimentícios e cargas tributárias, mas não sem indignação, para que eles possam surgir como anjos para nos pseudo-proteger. Para esses sujeitos, os tais Anti-cidadãos, a harmonia da balbúrdia brasileira vem crescendo na medida certa, vem criando oportunidades perfeitas para a sua atuação extintiva de sobressair-se na queda alheia, na desgraça alheia.




Não raramente eles envenenam suas vítimas com a desesperança, tão somente para tornarem-se então a única fonte de luz... "se não tem tu, vai tu mesmo"... e os nossos pobres corações vão se encantando com o brilho das gravatas italianas e dos dentes alvos... os olhos vão ficando cansados de tanto não ver... os ouvidos se cansam de só ouvir... as pernas ficam inchadas da batalha quotidiana estrategicamente programada para nos esfalecer... para que ao fim do dia queiramos apenas encher o bucho, espreguiçar no sofá em frente a telinha... inteiramente rendidos as migalhas... e satisfeitos com elas... por que afinal, a vida já foi bem pior do que é...

Eles agradecem todos os dias por não termos percebido a força que temos... somos obedientes, vestimos nossas algemas todos os dias... ainda bem pra eles que nós chegamos ao por do sol com o cansaço daquela vida que os imigrantes levavam com os senhores do café e da cana e, sem a força que os escravos tiveram quando lutaram por liberdade... se assim não fosse, talvez nós, brancos, pretos, vermelhos e amarelos contemporâneos, já estivéssemos gozando da nossa total autonomia alegremente... talvez, se compreendêssemos a vida além da rotina capitalista... aí então, talvez, quem sabe, pudéssemos construir algo mais do que passado...

... O futuro... quem sabe?!?