sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Sobre bagagens desnecessárias!


Eu sei, todos nós carregamos na mala mais do que deveríamos guardar. A cada nova velha experiência, a bagagem não vem apenas repleta de fotos, vem abarrotada de chaveiros inúteis que nunca vamos usar, de lembranças, de preconceitos e traumas gerados por expectativas frustradas pela vida, ou por nós mesmos em nossa imensa revolta generalizada, inerte e desiludida.

Expectativas minhas, suas, dela, dos nossos pais, dos seus avós sobre seus pais... que vêm de geração em geração enraizando doenças mais do que genéticas... Doenças comportamentais, filosóficas, psicológicas e mentais que não afetam só o corpo, mas sim a alma, envenenando sonhos, atravancando o presente e destruindo as possibilidades de um futuro melhor e mais feliz.

Essas bagagens pesadas que te apertam o peito, que te fecham a cara e te tiram os óculos cor de rosa da vida, que te impedem de fazer de qualquer momento um belo momento... Elas te deixam mal-humorado, infeliz e chato! Devem ser abandonadas e imediatamente incineradas, para que te permitam perceber a leveza de viver, principalmente se você a tem pra te mostrar o que é amar e ser amado. Não significa não mais se indignar, mas ter um amor nesse mundo, já é muito mais do que ter tudo na vida e por isso, há de se dedicar maior parte da vida ao amor do que à indignação desmedida!

No fim das contas eu acho que "viver bem" é isso mesmo, acumular bagagem apenas o suficiente para encher a pancinha, os olhos e o coração de alegria... Esqueça por um momento do peso da dor sofrida, do trabalho árduo, dos males das políticas públicas deste país... Desde que o mundo é mundo os demônios da corrupção sempre estiveram por aqui (desde a cobra e a maçã), e nem por isso deixamos de ser felizes abraçados a quem amamos.  Repito, não significa deixar de tentar consertar o que está errado, mas dar uma pausa na revolução faz muito bem à saúde!

Desde a idade média, ou antes até, as crianças do mundo já passavam fome, já faltava água potável em muitos lugares, os poderosos já eram corrompidos por poder, o dinheiro sempre falou mais do que a ética, sempre faltou saúde, educação e bom senso... Muito antes do PT chegar ao governo, muito antes do Mark Zuckerberg pagar por um aplicativo dinheiro suficiente para acabar com a sede na África, e muito, muito antes da criação e desmoralização das classes trabalhadoras... já existiam problemas no mundo suficientes para nos fazerem abominar a existência da raça humana...

Mas nem por isso Shakespeare deixou de falar de amor, nem por isso Quintana deixou de fazer piada da vida e muito menos a música deixou de tocar... "The show must go on", devemos ser persistentes, levantar a poeira e não deixar que em nosso universo particular a hipocrisia das revoltas de sofá tome conta... Ou vai pra rua dar a cara pra bater ou aceita que embora não possas mudar o mundo inteiro, podes mudar a vida daquela pessoa que está ao teu lado te oferecendo a boa e velha, pura e simples, felicidade!

Nós, que temos coragem de viver no mundo capitalista, precisamos sim do pão e do circo hora ou outra... Não para esquecer de todo o mal que nos fizeram e continuarmos votando sempre nos mesmos corruptos que fazem deste país esta barbárie, mas para que possamos encarar os males do mundo com mais leveza e, alienar a mente sim, pra dar risada e ser feliz independentemente de qual foi a nova burrada da nossa Presidenta!

Absorver, amargurar e guardar na mala as matérias meléficas que todos os dias nos assombram no Jornal Nacional ou no Facebook, só vão te tirar a delícia de ser o que é e talvez, possam acabar te tirando muito mais do que isso... Amor, sanidade e razão de viver... Chega disso! Já passou da hora de valorizar as oportunidades que a vida te deu, o dinheiro que entrou na conta, a bagagem vazia pronta pra outra, a pessoa deitada no travesseiro ao lado, os bichinhos no quintal, o trabalho que não falta...

...e a Dilma? Ah, deixa a Dilma pra lá! Vai ser feliz!

Inspiração: Bruno Érnica, Extraviem Minhas Bagagens. Publicado no Blog Um sentimento por dia.