sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Arte de Ser Feliz!



Relembrando as palavras de Cecília Meirelles em texto de título igual a este aqui em cima: "Houve um tempo em que minha janela se abria..." e continuo com minhas memórias: ...em que minha janela se abria pra uma garagem de chão de brita... o sol batia em cheio na vidraça, refletindo pelas frestas da cortina de madeira preta com suas borboletinhas penduradas, as 6:30h em ponto a porta se abria lentamente e a carinha dele aparecia me fitando com aqueles olhões arregalados e miando como quem diz "Bom dia... já acordei! Vem brincar!"... era um pulo só e já estava em cima de mim colocando o nariz gelado no meu, afiando as unhas no meu cobertor e tentando pegar meu pé, que se movimentava propositalmente, como se fosse uma presa que fugia por debaixo das cobertas...

Eu olhava pra ele, ele olhava pro pé, pra coberta, dava aqueles pulinhos de travessura, umas voltinhas em torno de si mesmo, se aconchegava aos poucos na minha barriga ou deitado no meu ombro. "...e meu coração ficava completamente feliz."

Não sei por que hoje me lembrei desse momento... O que sei é que naquela época pouco importava o quanto eu estava sozinha, por que com ele por perto eu sempre tinha boa companhia e aqueles pequenos espaços de tempo permeados de uma alegria simples de um gatinho se embrulhando em lençóis e travesseiros significavam pra mim um bom motivo pra não levantar de mal-humor. Significava que aquele era um novo dia e que independentemente do que se deu no tempo que passou, o que estava por vir estava em minhas mãos esperando que eu o fizesse melhor do que o dia de ontem.

Hoje minha janela abre pra lugares diferentes de outrora... da varanda do apartamento agora eu observo um horizonte desconhecido, lar de mais de um milhão de pessoas na capital paranaense, um trem que passa, a chuva que vai e vem sem respeitar previsões meteorológicas... de manhã cedo... não é Alic, o gatinho mais fofo de todos os tempos, quem me acorda... e sim o celular, que vibra a cama inteira e em seguida uma voz, quase sempre suave, doce... "Bom dia amor..." ... Bom dia... é minha dose de alegria matinal, meu impulso pra levantar da cama e despertar em um novo dia, diferente de ontem... sempre melhor!

Normalmente este período de um mês e meio ou um mês que antecede meu aniversário é sempre recoberto de névoas, mágoas, tristezas, estresses excessivos, meu inferno astral... esse ano tenho orado e agido para que seja diferente... que seja um período de coisas boas, de preparações ao que promete ser um novo ciclo, repleto de bons sentimentos e lindos acontecimentos. Eu percebi que ser feliz só depende de mim e embora as vezes os acontecimentos alheios e os fatos externos insistam no contrário, a minha escolha foi essa, sorrir apesar de tudo, não levar a vida tão a sério, viver intensamente... quebrar tabus, destruir preconceitos, cultivar sonhos, abolir rancores.

Eu não preciso de Champagne todos os dias, mas se me der vontade eu quero poder comprar e beber a vontade até ficar meio alegre e dançar o trenzinho da alegria... não preciso ficar terrivelmente gorda, mas não vou me torturar se de repente eu quiser dividir com alguém aquela barra inteira de chocolate branco com cookies... cumpro minhas obrigações, trabalho direitinho, frequento a faculdade, tiro boas notas... mas se algum dia eu preferir ir comer uma pizza ou ir ao cinema ao invés de assistir uma aula chatíssima e improdutiva de história do direito, tudo bem também... acho que precisamos ser flexíveis frente as inflexibilidades da vida... creio que o grande segredo da felicidade deve ser este, saber dosar os prazeres e os deveres... misturar as coisas... pra que o dever fique mais divertido e o prazer não extrapole os limites que nos cabem... fora isso, acho que basta querer mesmo, basta querer ser feliz! E eu com certeza quero!

Bibliografia: MEIRELES, Cecília. A arte de ser feliz.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Rede (anti) Social!




E um belo dia nossas vidas foram invadidas por uma avalanche de redes sociais com as mais diversas finalidades. O poder da popularidade promete a felicidade de encontrar o par perfeito, o sexo mais gostoso, o amor puro e verdadeiro, os amigos que mais se divertem em todo o universo e a sociedade mais incorrigível que poderíamos formar, já que todos nós, por detrás da tela, somos contra a corrupção!

Sempre optei pelas redes básicas, as que estavam mais na moda e que me permitiriam conversar com mais amigos e conhecidos de todas as partes do mundo ao mesmo tempo. Atualmente tenho um Orkut completamente desatualizado e inutilizado, um Twitter ativo em cada época de boas promoções exclusivas pra esse tipo de mídia e um Facebook, atualizado, viciante e engolidor de tempo!

Basta um segundo de ócio e me pisca a janelinha com aqueles números em vermelho na borda, berrando meu nome como quem diz: Me dá atenção, sou muito importante, alerta vermelho! - e lá vou eu - "Fulano de Tal cutucou você! Cutuque de volta." Cutuco! Não estou menosprezando a utilidade pública que essas redes sociais tem prestado a comunidade de internautas em geral, porém, há muito que me pergunto qual seria o verdadeiro resultado fático (e não virtual) dessa massa de "Ctrl+C e Ctrl+V", propagando na velocidade da luz informações ora importantes, ora inúteis, ora emburrecedoras, ora engraçadas, ora ridículas e grande parte das vezes: Mentirosas!

Está super em alta a mania de trocar a foto do perfil para criticar alguma coisa e por meio dessas campanhas, mudas,surdas e cegas, tomam vida no canto esquerdo da tela bichinhos de estimação, desenhos animados, times de futebol... e nos posts diários repetem-se centenas de milhares de vezes pela manhã de segunda-feira mensagens de incentivo para que nos empenhemos em uma semana mais alegre e produtiva, quando faz um solzinho, o final da tarde fica lotado de desejos por cervejinhas geladas e praias com bundas desnudas a reluzir, no meio da semana ou quando cai aquela chuva, não é difícil perceber o desânimo geral, ansiando por uma sexta-feira a noite... e se ela chega? Aaaaah, é só suspiros, agradecimentos e declarações de amor ao tal final de semana...

E porquê? No sábado e no domingo maioria esmagadora dos internautas ainda está lá, na mesma situação, sentado em frente a telinha esquentando uma cadeira, fuçando a vida alheia, checando e-mails, esperando pelas tais notificações vermelhas, desejando aqueles benditos "curtir" na foto postada de madrugada pelo celular. É preciso a aprovação do grande monstro da popularidade aparente. É preciso dar explicações, contar onde vamos, com quem vamos... é ainda preciso confirmar presença nos eventos, senão podemos parecer mal educados por aparecer sem avisar!

Claro que estou conectada, envolvida e rendida a tudo isso... Também por que, analisando bem, vejo coisas boas também, como a simples propagação das verdadeiras mensagens de paz e amor, como a indignação e divulgação de eventos que talvez, com a força real de todos que apoiam virtualmente poderiam significar uma grande mudança social, não na rede, mas na comunidade de verdade, formada por pessoas que nem se importam se tem ou não computadores e levantariam a bunda da frente da TV para lutar por causas dignas. 

Vejo de um lado a denunciação de infratores, com posts acompanhados de vídeos que, por exemplo, comprovam a ação bizarra de um rapaz quebrando o braço de uma moça em uma casa noturna e fugindo, sem saber que, com a ajuda das mídias sociais e com o apoio da lei, ele provavelmente não ficará impune. Isso é bom. Vejo a mobilização ambígua dos internautas unidos a chorar fins de vidas que nunca celebraram, mas que abrem espaço pra que se faça isso não tardiamente daqui pra frente.

Vejo as minorias defendendo seus direitos, mostrando suas próprias verdades e contestando as antigas tradicionais, atrasadas e quase que sempre dos hipócritas. Mas também vejo esses mesmos hipócritas defendendo idéias que não são suas, levantando bandeiras em que pisariam atrás das câmeras, até queimariam se fosse possível. Vejo bandeiras de causas perdidas ao alto e bandeiras importantes mofando em cantinhos quase que insignificantes da gigante rede da comunicação mundial, esquecidos... banidos da moda, cuspidos da boca do povo!

E se essas causas que tanto deveriam ser discutidas, acabam sendo ora banalizadas, ora esquecidas nesse grande labirinto de informações, sem que possa-se catalogar ou quantificar seus verdadeiros valores e temas... sei lá, me parece mais que fútil que simplesmente divulguemos em nosso tão prezado perfil, que somos a favor disso, ou daquilo... acho inútil que coloquemos em letras garrafais: "BASTA" se nossos lábios nem sequer se movimentam demonstrando que é de nosso âmago que sai esse desejo de mudar o mundo!

Por ora? Vou checar meu Facebook e ver se não estou perdendo nenhuma fofoca quente por lá!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Por que?


Eu sempre fui do tipo de pessoa que busca os "porquês", e continuo sendo, é indubitavelmente inútil querer me impor algo sem expor motivos contundentes que me convençam da validade da ideia que tenta me passar. E se a ideia parece socialmente razoável, ainda assim não é o suficiente pra mim, já que passei grande parte dos meus dias terrenos questionando as verdades socialmente aceitas. Também por que, não me basta que seja dito certo, errado, lícito ou ilícito... não me basta que me digam que "Deus quis assim" ou que "É pecado". Se me restam dúvidas, eu vou mais a fundo para entender os motivos das coisas serem o que são.

Se tem algo que eu acho "errado" e que aí sim posso me utilizar desses termos, é a forma com que o ser humano se acomodou em seus conceitos antiquados do que são as coisas sem nem mesmo questionar a história. E faz isso censurando idéias e destruindo planos . Se acham questionável o estilo de vida dito "Não ligo pro que os outros pensam, quero mais é ser feliz", eu acho questionável o estilo de vida "Welcome to my Bubble". Acho questionável que achemos normal essa política facebookiana do "Proteste Aqui" como se fosse possível mudar alguma coisa sem enfrentar o mundo de peito aberto, questionar antigas verdades e quebrar tabus, por que não enxergam? Claro, chamemos atenção para as causas que interessam, mas não é o suficiente, é preciso agir e isso se insere nos mais pequenos atos de compaixão e bondade para com o próximo. Por que não agimos?

Talvez seja eu quem veja o mundo de forma diversa, e o diferente é sempre errado antes de virar moda (certo?), mas não me passa pela cabeça como a felicidade e o prazer podem não ser as coisas mais importantes da vida. Por que valorizar tanto princípios tradicionalistas que não visam a felicidade? Não falo da felicidade baseada na tristeza alheia, falo da verdadeira felicidade, esta de se sentir parte de um todo que faz a diferença, que discute idéias interessantes além da mesmice da hipocrisia de quem crítica banalidades e vive rotineiramente sem semear sonhos, sem se importar com o sentimento verdadeiro e sem enxergar um futuro melhor. E me questiono, por que desistir tão cedo de ser feliz?

Hoje, diferente da minha antes revolta-sem-causa tradicional do ser inconfundível que é o adolescente humano, busco valorizar certas coisas, certos momentos, e ponderar certos excessos. Hoje, não busco resposta pra tudo, também por que nem tudo tem resposta ou uma única resposta. Mas sei que aquela essência da contestação ainda impera em mim... é visível e muitas vezes incrivelmente irritante (aos outros e não à mim) que eu queira (quase) sempre saber os "por ques", como uma criancinha chata e curiosa. Mas o que posso fazer? É da minha natureza isso de passear nas dúvidas até encontrar uma que não haja solução, ou que me de a liberdade de inventar a saída de labirintos, por mim mesma, ou que me de o direito de utilizar palavras de algum poeta qualquer que me pareça interessante ao momento! Por que? Acha que estou errada de questionar tanto?

Só me diga então: Por que?

"Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas!"