O Dia do Basta!

Foto do mural do grupo Dia do Basta CWB no Facebook.

E foi na manhã do dia 21 de Abril, Feriado de Tiradentes, que amanheci precocemente como não amanheceria em nenhum outro feriado qualquer. Esta manhã era importante demais para desperdiça-la dormindo. Por mais que me agrade dormir, era mais do que de meu agrado, levantar da cama, exaltar a voz e erguer os braços... naquela manhã, agir era mais do que uma obrigação!

De início a chuva caía fina criando poças nas irregularidades das calçadas Curitibanas, borrando a tinta na cara dos caras-pintadas... que não eram índios mas eram brasileiros e vinham a público gritar pelo direito a sua própria voz que há muito vinha sendo calada, não só pelos políticos, empreiteiros e outros grandes interessados diretos e indiretos na prevalência da balbúrdia neste país... mas também pelo próprio povo que, calado, olhos fixos na telinha, ignorava sua própria existência e sempre dava um jeitinho pra se sair melhor do que o próximo.

A multidão ía aos poucos esquentando seus motores com palavras de incentivo misturadas a revolta das centenas de vozes que circundavam-me além da voz que saía do megafone... palavras que não poderiam ser ignoradas, por que já haviam se pré-transformado em um sentimento avalizado por todos que lá estavam... vinham de todos os cantos da cidade modelo, bem por que, não viam neste modelo nada de tão bem copiável. O modelo da cidade se apagava e se escondia por detrás das falcatruas que comiam aos poucos (e aos muitos) tudo de bom que a cidade tinha.

Na manhã deste último sábado viemos às ruas questionar as bundas paradas nos sofás tanto quanto as que sentam em cadeiras presidenciais de chefia de seja lá o que for... viemos questionar as malas que voam cheias de dinheiro encharcando mãos em troca de benefícios, tanto quanto o envelope do dinheirinho rotineiro que respinga umas gotinhas por pequenos tostões de privilégios... viemos questionar esse voto que damos em troca de nada, sem motivo de ser ou de estar e que no fim das contas coloca lá em cima quem jamais conseguiu nos representar...

O que eu vejo, ora com esperança de mudança, hora sem esperança nenhuma é que a maioria da população não se importa de fato... não percebem o quanto nos afeta os milhões desviados da merenda de muitos para o bolso de poucos... Embora não sejam nossos filhos a mendigar um pedaço de pão, embora não seja da nossa carteira (diretamente) que as notas somem e embora já esteja em nosso planejamento mensal a falta daquela determinada quantia que vai todo mês pros impostos, pro INSS... ainda não nos demos conta que este dinheiro deveria retornar à nós em forma de serviços bem prestados, para a saúde, para a educação...

Aos que não compareceram no Dia do Basta, ouçam o que tenho a dizer... a desgraça alheia não ficará isolada no sub-mundo... irá regressar das profundezas da miséria e desejar ter o que nunca tivera... reclamará o que lhe é de direito pelo simples Princípio Constitucional da Dignidade Humana... aqueles os quais marginalizamos seja pela nossa corrupção, seja pela nossa inércia frente a ela, vão entupir os hospitais, vão ansiar pelo conhecimento que não receberam na escola que não puderam frequentar... e em seguida vão sujar nossas belas calçadas modelos com corpos estendidos no chão, cheios de sangue da violência oriunda de nossa própria razão...

Opa...Espere... a miséria já regressou! E está estampada em verde e amarelo na cara do Brasil! ACORDA CIDADÃO, "VENHA PRA RUA, ESTA LUTA TAMBÉM É SUA!!!"

A espera do inesperado!

Um dia a menina sonhou que iria transformar seus sonhos em realidade... mas quando realidade foram, a menina criou outros sonhos...

E eram tantos deles que a menina poderia ser mil meninas que se espalhariam em seus sonhos para assumir mil papéis e brincar de sonhar dentro do próprio sonho.

Transformou seus sonhos em realidade mesmo que em fantasia. Ainda que a menina não mais conseguisse dormir... ainda assim ela sonharia. Acordada.

Um dia a menina chorou e de tantas lágrimas que caíram, ela construiu sem próprio mar, com a sua própria praia, plantou duas árvores, pendurou uma rede, desenhou uma água de coco e escreveu um livro.

Sorriu e fez surgir o sol que iluminou seu próprio paraíso. Então, tudo aquilo que ela esperava foi se materializando aos poucos ao seu redor... sem relógios, sem esperas e novos e lindo sonhos. Sonhou de novo.

Um dia a menina cresceu, chorou por que crescia rápido, sonhou que cresceria forte, dançou até perder o fôlego, respirou amor como se sobrevive, encheu o peito dele e mergulhou bem fundo...


Um dia a menina esperou o "inesperado" e ficou na dúvida se por isso então ele se tornava "esperado" pela ansiedade de "inesperar".

Como é engraçada a atitude humana diante da espera do inesperado! A menina espera sempre... que os ponteiros ao redor parem e que a deixem em paz... que a deixem ditar o ritmo dos seus próprios passos...

Enquanto o relógio não para ela vai tratando de acelerar os ponteiros até que possa vencer o relógio pelo cansaço. E espera.

Tá Tudo Estranho!

O Estranho Mundo de Jack

Eis que as pernas do mundo se voltam pro ar, não pelo prazer do ócio que ele desfruta, mas pela contrariedade das coisas que nele se encontram. Trocam-se direitas e esquerdas, picos e buracos, luzes se apagam na ribalta. Me atento para fatos que são mais importantes que a própria existência: a aparência e o ego daqueles seres energúmenos e egocêntricos, os quais chamamos humanos.

Pois bem, já que valora-se mais as fotos de bundas cheias de celulites e as facetas desprovidas de massa corrida daquelas famosas que finalmente descem do pedestal dos Deuses nos dignando a perceber que são gente como a gente (até eu amei aqueles furinhos da bundinha quase perfeita da linda Scarlett Johansen!), creio que as árvores que morrem na Amazônia e as crianças que morrem de ignorância nas escolas públicas de todo país não tem mesmo importância alguma.

Creio eu, que nem eu e nem vocês, devamos demonstrar interesse algum para com as causas perdidas pelas quais ainda hoje cultivamos certo amor platônico. É hora de abandonar os betes, pendurar as chuteiras, jogar a toalha... tirar o chapéu pras verdadeiras magnitudes da vida. Chega de implorar por paz, de injuriar as mentes sadias com denúncias de corrupção, violência, barbáries... "Alienar-se" é a mais nova palavra de ordem.

Para trabalhar como gari no interior do Paraná, por exemplo, não basta ter o ensino básico completo. É preciso conhecer também o bordão de uma personagem do engraçadíssimo "Zorra Total" e saber o nome da atriz principal da última novela das 8h. Isso é que é realmente relevante.

O governo deverá prorrogar o decreto que suspende as multas, já abrandadas pelo Novo Código Florestal, a excelentíssima ministra, Ideli Salvatti, diz que o governo tem coisas mais importantes para lidar no momento, como por exemplo, a Lei da Copa. Sim sim, viva o circo que se arma, que se adia e que se atrasa, para que com o laço no pescoço (do povo) fique mais fácil camuflar as roubalheiras e as falcatruas.

Eêêê Brasil! Das Terras que tinham palmeiras onde um dia cantaram sabiás... hoje a profecia se concretiza, o sertão virou mar e o mar virou sertão com direito a todas as características específicas... entranhas rachadas, sede, fome e frio! O mar que se mudou lá pro sertão, foi carregando uma imensa mancha de petróleo pra esconder tanta sujeira!

E nós, sentados em nossas bundas (cheias de celulites, agora a gente sabe que é normal) com as pernas apoiadas uma nas outras. A perna debaixo desculpa-se por ficar sempre ali sem conseguir levantar por que tem outra perna por cima... e por cima desta tem outra...e mais outra... e ficam todas ali, emaranhadas em sua própria preguiça de agir!

Agir... é igual comer e coçar... é só começar!


DIA 21 DE ABRIL - DIA DO BASTA - Procure o local de concentração da sua cidade! ACORDA BRASIL!