terça-feira, 21 de novembro de 2017

EU ESTOU AQUI! COM LETRA MAIÚSCULA PRA NÃO TE DEIXAR ESQUECER QUE ESTOU MESMO!

 


 
MAIS UM QUE SE VAI EM VÃO! Sim, em vão...
 
Meu primeiro contato com o suicídio foi através de um professor, Rainoldo, grande amigo, que anunciou por meses que iria embora pedindo que fizéssemos uma festa regada a Fanta Uva e Cheetos bolinha, e não um velório, quando ele se fosse. Foi com esse espírito que o caixão foi fechado... cheio de chocolates... De uma forma ou de outra, estávamos preparados para aquilo.
 
Ele nos preparou e sua despedida foi leve pra nós... éramos apenas adolescentes.
 
Muitos anos se passaram até que as notícias me trouxeram outros casos... primeiro tão distantes... midiáticos... televisivos... Até que em Maio deste ano se foi Everton... um rapaz querido que conheci nas festanças que fiz em Curitiba... Era amigo de um amigo... nenhuma intimidade... mas já parecia perto demais...
  
Mês passado, minha prima! Uma Carolina linda, dentre tantas outras que se foram no mês das crianças, deixando desamparadas e carentes aqui na Terra um sem número de pessoas que a amavam... Hoje, em 21 de Novembro de 2017, se vai mais um, José, entre milhares de tantos outros jovens que todos os dias cumprem promessas internas (e externas) de ir e não voltar nunca mais.
 
 
Se por um lado eu quero te dizer que, não eram eles... somos nós os culpados, todos parte de uma sociedade construída para poucos pelo suor e sangue de muitos e que não consegue aceitar as diferenças - Por outro lado, eu gostaria de dize-los e à ti que me lê, que também a culpa é de quem vai, é preciso procurar ajuda!
 
Eu gosto de acreditar, e ao mesmo tempo odeio o fato de que eu poderia ter feito a diferença, ou não.
 
Há uns meses atrás eu escrevi à José que a vida era linda... Que só dependia da gente... Pelo jeito ele não acreditou... não aguentou a barra. Talvez eu devesse ter sido mais enfática... talvez devesse ter o pego pelas mãos para levar para lugares onde a vida é mais bonita do que naquele pequeno mundinho em que ele vivia... Não o fiz.
 
Mas e aquela história de que a gente só consegue ajudar quem está afim de ser ajudado?
 
 
 
É uma enorme dicotomia... eu poderia ou não poderia ter feito a diferença? São fatores internos ou externos que levam ao cometimento do suicídio? Um pouco dos dois? E quanto nós poderíamos influenciar pessoas e em que proporção teríamos o condão de evitar tamanhas tragédias que, de uns tempos pra cá demonstram-se em crescimento exponencial...?
 
No fim das contas a epidemia de suicídios não  é a doença... É o sintoma! É a consequência da sociedade que escolhemos construir, cheia de intolerância, ódio e ausência de perspectiva de futuro para muita gente. Especialmente para os que não se enquadram nos padrões de normalidade que tradicional, puritana e cegamente aderimos.
 
Todos tinham em comum o descompasso com os ritos tradicionais.
É a nossa intolerância, o nosso ódio e o nosso egoísmo que alimentam a doença.
O amor e a terapia são o remédio!
 
Não tenho mais propriedade alguma para escrever... é só o que consigo entender. 
Só preciso que saibas que se você está precisando, eu estou aqui!