quinta-feira, 16 de maio de 2013

Engole e cospe! ou Ignorância: doença comum da sociedade contemporânea.



Cospe ou engole? Engole e depois cospe. Se antes a falta de acesso a informação era a justificativa da ignorância popular, hoje o oposto se mostra. A avalanche de informações que nos chega inunda as barreiras da mente e vaza pela boca e pelas pontas dos dedos. A informação mal mastigada e mal digerida é cuspida corpo a fora como num ímpeto de uma pseudo-revolta.

"Pseudo" por que é a popular revolta do sofá e das redes sociais. Do tipo que não invade a rotina do sujeito. Ao movimentar a cadeira giratória e dar as costas para a telinha, o pseudo-revoltoso adentra a sua rasa realidade e nos churrascos com os amigos não quer nem saber de falar de política, de reclamar do governo ou de buscar alternativas para suas pseudo-insatisfações com o Brasil.

Em primeiro lugar, por que se resolvesse aprofundar-se no tema, lembraria-se que não leu nada mais do que a manchete do jornal e engoliu sem piscar o conteúdo daquele site que não lembra o nome. Alguém disse por aí, está na moda criticar o governo. Ele repete. Talvez até pensem que ele sabe do que fala. E repitam, e repitam, até que aos montes estejamos mugindo a mesma manchete furada de jornal de quinta.

Segundo, por que dá trabalho ler a matéria além das letras garrafais, pesquisar as fontes, verificar a veracidade das informações. Há muito já somos acostumados a engolir meias-verdades e agora... estamos aprendendo bem a cospí-las da mesma forma. Sem prestar atenção que meias verdades podem ser interpretadas com a mesma eficácia de chinelos de dedo contra o frio.

Por exemplo? Auxílio-reclusão, Bolsa-Crack, Bolsa-prostituição... você sabe o que tudo isso significa? Eu explico em poucas palavras, já que se forem muitas, não serão lidas. Não que eu seja uma expert, mas eu costumo ler a matéria até o final.

O Auxílio-Reclusão é um benefício de natureza previdenciária devido aos dependentes do segurado recolhido preso durante o período que este estiver em regime fechado ou semi-aberto, ou seja, obviamente, sem condições de trabalhar para garantir o sustento dos filhos que não guardam culpa alguma pela atitude de seu genitor.

Além disso, para concessão do benefício aos dependentes, o recluso deverá, no momento da reclusão ser possuidor da chamada qualidade de segurado, ou seja, ser contribuinte do INSS ou ter sido em período de até um ou dois anos anterior a reclusão. Significa que este sujeito não foi sempre um "meliante" e sim, um trabalhador que cometeu um crime, sabe-se lá por que motivo.

E, pra finalizar os requisitos do Auxílio-reclusão, o salário de contribuição do segurado deverá ser igual ou menor que R$971,78 (Tabela do INSS 2013). Aí eu ouço por aí sujeito dizendo que "O salário mínimo subiu pra R$678 e o Auxílio-preso subiu pra R$971,78" Que absurdo!

...Oi? Queridos, o salário-de-contribuição máximo para o recebimento do benefício é que subiu o salário de benefício continua sendo a média aritmética dos 80% maiores salários-de-contribuição do segurado desde Julho de 1994 (regrinha fácil da previdência social que você pode decorar pois vai servir pra sua aposentadoria).

Ou seja, em palavras chulas,  se o salário do meliante antes de ser preso for de um salário mínimo como o salário que ele recebeu em toda a sua vida, o salário de benefício do auxílio-reclusão a que seus filhos e esposa (Não o detento!) terão direito vai acabar sendo de um salário mínimo mesmo... entendeu? (Se não entendeu vai pesquisar sobre isso antes de falar merda, por favor!)

Vamos para o próximo. Bolsa Crack. Bem sabemos, que além da ignorância, acoplado a ela, nossa sociedade foi atingida pelo vírus da necessidade de alienação (você que não usa crack mas "engole e cospe" também deve ter sido afetado por esse vírus!). Os que recorrem ao crack para alienar-se não são mais um problema apenas de si mesmos... são um problema social.

Se você for espertinho, vai perceber que o cara a quem você agora nega ajuda vai acabar batendo na sua porta! E você aí, criticando o "Bolsa Crack", achando que é só o cara ir lá, fumar uma pedrinha e pronto, R$1350 no bolso pra gastar em mais pedrinhas, UHUL! Não. Não é assim. Se tivesse se informado, saberia que essa verba é destinada à família do usuário para ajudar a custear o tratamento em clínicas particulares, para aqueles que já obtiveram insucesso na rede pública...

... só no ESTADO DE SÃO PAULO! Isso mesmo, você do Acre, para de reclamar e encher o saco dos outros com sua crise cuspideira de asneiras! E ainda que você viva em São Paulo... pra você, que quer beber uma cervejinha na Augusta ou ler um livro tranquilo em um banquinho na Praça da Sé, o crack não é um problema que deva ser resolvido? Não te incomoda viver atrás de grades e refém do medo? Ah tá bom... então senta lá pra ver!

E o Bolsa-prostituição... quem inventou essa merda? A única fonte referência que encontrei foi um jornal on-line famoso por manchetes extravagantes de brincadeirinha, pura comédia. E nenhum outro site que reproduziu a baboseira se deu ao trabalho de ir verificar se existe mesmo este projeto de lei. O site do Senado está lá... e ninguém foi verificar?... pois bem... não preciso falar mais nada!

A verdade verdadeira é que vocês são tão alienados quanto o nóia que se afundou no crack e levou a família inteira pro buraco. Se vendem tão barato pra essas informações vazias de verdades quanto a prostituta adolescente de Pernambuco. Ela pelo menos levantou a bunda da cadeira pra dar um jeito de ter o que comer.

E se vocês fossem herdeiros de uma família de baixa renda, se estudassem em colégio público e tivessem o infortúnio de ter nascido em uma casa em que o pai trabalhasse o dia inteiro no caixa de um supermercado e acabasse tendo que fazer bico no crime pra sustentar a casa? E se ele fosse preso? Você acharia ruim que o governo lhe garantisse sustento enquanto o degenerado do seu pai não se regenera?

Que culpa teria você de não ter nascido com a bunda pra lua? Seria melhor que ficasse mesmo sem auxílio-reclusão, sem sustento, sem apoio nenhum. Talvez fosse melhor alienar-se no crack ou vender-se nas ruas. Talvez fosse mais digno do que compactuar com um governo que adota os princípios de um Estado Solidário, onde todos devem ser responsáveis por fazer a sua parte à evolução e sustento da nação.

Eu sei, eu também não estou satisfeita com o feed-back do Estado. Também fico indignada com as malas voando cheia de dólares e com as verbas dos nossos impostos que vão pelo ralo. Mas ao contrário de vocês estou tentando digerir as informações pra que elas desçam mais redondas e se acomodem melhor no estômago enquanto não consigo bolar um plano decente pra recuperar esta nação.

Transformar a nossa batalha épica por um mundo melhor em uma briguinha de partidos políticos é menosprezar demais o poder de fogo que o povo tem. Engole, mas não cospe agora não. Se você mastiga e digere bem, depois consegue coisa bem melhor pra jogar no ventilador. ACORDA BRASIL!

3 comentários:

  1. Nossa! Muito bom! Muito verdadeiro.. É uma pena que um texto bom como esse não faça mais sucesso que os absurdos que a gente lê por aí... uma pena!

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  2. Direta! e eu vou compartilhar lá no meu FACE!!! Aprendi um tantão com vc ANA. Orgulho total!

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