sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Lembranças que trazem outras lembranças...

Tirei esse feriado pra mim...


Depois de um dia de sol e calor, as nuvens se fecham no céu curitibano... e os primeiros pingos gordos de chuva, como uma prévia da enxurrada que está por vir, coincidem, é claro, com os meus primeiros passos na calçada. Mas eu não apresso o passo, vou calmamente saboreando o cheiro do asfalto molhado que tanto sempre me lembra Ribeirão Preto... Essa lembrança é uma dessas correlações automáticas que o cérebro faz...

Cheiro de asfalto molhado me lembra Ribeirão Preto com suas tradicionais chuvas de verão. Chuvas gordas daquelas de pingos largos que sozinhos enchem o copo d'água... lá em Ribeirão, na minha infância saudosa, tarde sim e outra também, durante as férias, eu acabava pegando vários na cabeça correndo de volta pra casa da minha vó, depois de uma tarde jogando taco na rua. Lembrança é um troço engraçado... é algo só nosso e tão particular que as vezes nem eu mesma entendo essas relações que faço entre cheiros, coisas e pessoas.


Pitanga por exemplo... me lembra sempre a Mari, minha meia irmã, em um dia que eu e ela fizemos um teatrinho, como muitos do que a gente gostava de fazer... mas dessa vez, não entendemos o por quê, ninguém gostou muito do enredo... eu era a irmã malvada que batia na irmã chorona que vinha aos prantos, cheia de sangue e berrando... não se assuste, o sangue era suco das pitangas com as quais estávamos nos lambuzando antes de ter a genial ideia do teatro... fomos muito convincentes... até demais!

Se o cheiro é de comida boa misturado com cheiro de cigarro me lembra muito a Ká que morou comigo em Ponta Grossa... isso por que não raras vezes passávamos o dia envolvidas com nossas experiências culinárias, bebendo cervejinhas geladas... e fumando um cigarrinho pra relaxar. Hoje eu não fumo mais, até me incomodo com o cheiro de cigarro na maioria das situações... mas se alguém fuma na minha cozinha... é a Karina que me vem a cabeça e aí fica tudo bem... fico contaminada de saudades com boas lembranças.


E boas lembranças tem tudo a ver com coisas fofas... como ursinhos, que me lembram a minha mãe... hoje ela gosta mais de gatinhos... mas pensar em ursinho é lembrar que quando eu era pequena (menor), ela sempre contava pra todo mundo como eu era fofinha falando umas frases bobas com as bochechas apertadas pelas mãos... o famoso e fofo "Ursinho Tuti"... e isso me lembra que eu ainda hoje tenho uma vontade imensa de apertar coisas!

A vontade é tanta que eu faço uma careta e uma voz de monstrinho e fico movimentando os dedos como se a coisa em questão já estivesse em minha posse! Tem quem diga que é bizarro... mas tem que diga que é fofinho como as coisas que gosto de apertar! Pandinhas, hipopótamos, elefantinhos, koalas, gatinhos... gatinhos... que me lembram o meu Alic que eu apertava tanto quando morava comigo... que me faz lembrar as tardes que fiquei sentada no pátio do prédio em que eu morava com a minha vizinha, amiga e companheira Tati... olhando ele pular de um lado pro outro...

Lembranças que trazem outras lembranças... e tantas outras... se deixar fico aqui só a lembrar e a escrever essas coisas que talvez só façam sentido pra mim...

4 comentários:

  1. Duas pestes teatrais eram vcs!!
    Ora bolas, pitangas!!

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  2. Filha, para mim , também fazem sentido! Que bom que, as vezes, tu sai da "adultice" e volta a ser criança! BEIJOS

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